segunda-feira, 6 de julho de 2015

Fulana falou



Há poucos dias, uma amiga, profundamente antenada e inserida nas esferas sociais, econômicas e políticas, me chamou para uma conversa inbox:

“Não tem medo de te chamarem de alienada????”

Ela me permitiu colar partes da conversa sem que seu nome fosse citado.
‘Então será Fulana’, eu disse. No caso, preferiu Beltrana. Algo como lembrar Betânia. Ela é fã da Betânia (somos muitos).

“O mundo aí pegando fogo e vc falando do mar e de florzinha?” 

“amor platônico?? poema é novooo??? Bofe novo Uhullllll... mas vai rolar???? Quem é o bofe conta1!!!”

“(...)e os comprimidos de boro? Fala sério! haushaushauhsuh!!!!!!!!!!! e aí descobriu o enigna?”

Não, Betânia, digo Beltrana, ainda não matei a charada dos comprimidos de CLORO. E não, ‘eles’ não falaram! Apenas UM falou por todos.

E também não, não tenho medo de ser julgada. Nem poetisa, nem alienada. (Nem louca.)

Desde já, digo que não sou nenhuma das duas. (A terceira, bem, é relativa demais.) 

Escrever na forma versificada e usar algumas rimas não faz de mim uma operária lírica da palavra; tanto quanto não falar do Cunha, não replicar ‘eusouMaju’ ou não arcoirizar minha foto de perfil, (só para citar alguns exemplos que elenquei para minha rouca Beltrana) - me fazem menos consciente da minha cidadania (planetária), ou diminuem minha reação de indignação (ou de festejo).  

Gosto da coisa miúda. Dos gestos miúdos e eficazes repetidos no dia a dia. Alheia ao fato de serem amigos, conhecidos, ou a caixa nova da padaria: falo o que penso.
(Talvez a forma possa mudar, dependendo do interlocutor, mas não o conteúdo.)

Meu campo de “batalha” é o quintal da minha casa.
“Abraço e punhalada a gente só dá em quem está perto.” Como sabiamente disse Otto Lara Resende
É, pois, um educar cotidiano - e esperar a propagação do exemplo.

Espaços reservados à palavra escrita sempre me colocam no âmbito do contemplativo. Acho a escrita morosa demais para o debate. 

Gosto de política. Sou um ser social (embora nem sempre cumpra isso ao pé da letra; sempre a alma de bicho-do-mato falando mais alto!), mas minha maneira de colher e devolver-me ao mundo é por outro viés.

“não me leve a mal pq é p seu bem”

Não levo não, Beltrana. Mesmo porque, como você me disse:

“(...) e sabe que vc junta uma coisas beeem fodas? As pernocas tão gostosas e o pé te pago pra modelo”   
(NOTA MINHA: sou mulher, né, gente? Claro que eu ia deixar vazar um ctrlC ctrlV aqui!)   

“A qualidade das fotos tá uma merda... 
(NOTA MINHA: e ela sabe o que está dizendo... Bem, qualquer um nota!) 

...mas são mto boas! tipo luz, ângulo, motivo (...)aí eu leio as paradas lá e ficou meditando”

Bem, a Beltrana é uma microempresária brasileira e, como todos os brasileiros - microempresários ou não - está com os nervos a flor da pele com os desmandos nacionais. 

Mas se ela entra na minha página do FB e consegue alcançar ‘status meditativo’: ah, isso me faz bem! (E ao marido e filhos dela também, diga-se de passagem.)

O que me entristece mesmo (PEC 215 inclusa) é que uma das maiores - uma das mais significativas e relevantes lutas planetárias - não alcançou qualquer ibope no meu ‘ranking de curtidas’. 

A AMAZÔNIA agoniza.

E nem a Beltrana, cidadã engajada, ativa e contestadora – curtiu o meu post. #chatiada

Desculpe, Beltrana, e Betânias e Fulanas e Ciclanos - não me levem a mal: é para o bem dos seus netos. Oxalá, bisnetos.


OBS: Ah, Beltrana, quanto aos amores platônicos... se são novos ou empoeirados? Conto pra você pessoalmente no dia do evento:
MUTIRÃO PARA REFLORESTAMENTO - JUIZ DE FORA
20 de setembro 2015

Que tal? (Convite extensivo ao maridão e os meninos!
E quem mais quiser e vier!)



Anhangá
2015

foto Adriana Barata

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