terça-feira, 7 de julho de 2015

valquíria



há um olhar cansado
sobre os ombros dos olhos
do menino que aí dentro mora.

há uma desesperança
brotando feito mofo
no fundo dos teus olhos.

não,
o guerreiro não dorme
- mas está cansado...
julga que o fim se acerca
não obstante sua luta.
e sua reza.

sabe da ineficácia
dos remédios mais puros;
sabe que a força dos seus rituais
não reverterá suas angústias
- não mais.

por isso cheguei.
a ti fui mandada
dizer que
: nada é verdade!
é tudo uma fase
feito faz a lua.

(e, sim: às vezes, é escura)

mas teu jaguar,
meu herói
- permanece em vigília;
tua alma continua,
inalcançável.
só precisas de ar.

então eu trago o vento
num sopro diluído.
soprarei tua nunca
(que é onde fica a boca da alma)
e tu retornarás forte
aos campos de batalha.

é só o adolescente
que vai embora;
e já era hora.

o menino fica
: receberá as glórias.

e agora
deixe-me cuidar de ti.


(ponha a cabeça no meu colo
e eu entornarei paz na tua alma.  


The Valkyrie's Vigil 
(A vigília da valquíria, do pintor Edward Robert Hughes)

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